segunda-feira, 8 de junho de 2015

Meta Modelo da Linguagem, Pescaria em Alto Mar




O que é a Linguagem? Como surgiu e para que nos tem servido? Que impacto podemos causar nos outros com ela? Até que ponto estamos conscientes do seu poder oculto, subliminar e muitas vezes inconsciente, nos nossos resultados e nos daqueles que connosco se relacionam?

Para a PNL as questões ligadas à linguagem verbal sempre foram de uma enorme importância. Datam dos seus primeiros passos enquanto ciência e arte, ainda nos anos 70, os estudos feitos em torno da mestria de actuação de nomes como os de Virgínia Satir, uma conceituada psicoterapeuta familiar, oriunda dos EUA (1916 - 1988). Muito ligada às constelações sistémicas, fica para a história a forma notável como ela conduzia as suas consultas. Através do questionamento sistemático e profundamente respeitoso do que ouvia, o que ela pretendia era criar insights; trazer o seu cliente até à essência do que estava a dizer, para fora de um quadro de referências apertado e redutor, causador de estados emocionais desfavoráveis. 

Modelado do trabalho terapêutico desta espantosa mulher e de um outro “monstro sagrado” da terapia, Fritz Perls, o Meta Modelo da Linguagem foi o primeiro grande material de estudo da PNL. Na prática, baseia-se na colocação de perguntas, alinhadas de forma criteriosa para assim tornar o mais claro possível para quem se encontra numa situação de falta de recursos internos, ou de impasse na tomada de decisão, as distorções, omissões e generalizações que possam estar a contribuir para um empobrecedor enviesamento mental. 

Nos cursos que eu própria dinamizo, gosto de comparar este processo com uma grande pescaria. Pesca de superfície e de profundidade, em alto mar; apanha de informação, de detalhes, de tudo o que é concreto, específico e tangível. Graças a esta recolha de informação do que estava a ser esquecido, tomado como universal ou simplesmente visto de forma retorcida e errónea, a  pessoa pode olhar para o assunto que a preocupa com muito mais clareza. E assim fazer melhores escolhas. Entre muitas outras, uma das intenções de Satir e Perls era acabar com o poder ilimitadamente… limitador, das afirmações tidas como definitivas e tantas vezes expressas pelos Quantificadores Universais. Estes são em PNL as palavras como “sempre”, “nunca”, “todos”, “nenhum”, “tudo”, “nada”, “ninguém”, entre outras, e que muitas vezes usamos de forma radical e hiperbolizada. Ou seja, sem admitirmos excepções. Exemplo: ”Ninguém valoriza o meu trabalho”.

O carácter definitivo e sem discussão de uma afirmação destas reduz a pessoa que nisto acredita a uma situação de impotência total. É como se não lhe fosse mais possível avançar dali para outro ponto.

Uma boa forma de “pescar” as excepções e abalar esta crença limitadora seria convidar a pessoa a ir em busca de situações no seu passado em que essa valorização até se manifestou, para assim se abrir uma brecha no bunker emocional em que ela, por isto ou por aquilo, se enfiou. “Em que momentos já sentiste que apreciaram o teu trabalho?” ou “O que é que tu já fizeste, especificamente, que agradou a alguém?”

Segundo Albert Mehrabian (1939-), um psicólogo de origem arménia muito ligado ao estudo da linguagem verbal e não-verbal, o discurso expresso pelas palavras tem apenas 7% de impacto no processo de comunicação humana. Parece pouco, se olharmos para os números a seco. 

O que é um facto é que esses 7% nos podem transformar em magos construtores ou em bárbaros destruidores da comunicação, pela forma como chegamos aos outros, apenas com aquilo que fazemos com as nossas palavras.
E porque isto de sermos mais especialistas nos outros que eles próprios, não me convence nem um pouco, deixo aqui um último ponto de reflexão. Que tipo de perguntas andamos a fazer também a nósi próprios?

Descubra as diferenças dos insights decorrentes de perguntas como: “Que mal fiz eu a Deus para merecer isto?” ou“ Porque raio é que aquele tipo me fez uma coisa destas?” e “O que é que eu aprendi com isto? e “Como é que eu posso usar essa aprendizagem no futuro?”. 

São imensas, certo?

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