terça-feira, 28 de abril de 2015

Mergulhar na PNL é aprofundar as várias dimensões do Saber



Fala-se hoje em dia, muito, em melhorar a comunicação com os outros, em desenvolver competências de escuta, em aprimorar capacidades relacionais, explorar sinergias. Excelente propósito, este. As chamadas soft skills são fundamentais para termos sucesso na vida.


E não me refiro apenas ao sucesso que se mede através de resultados tangíveis e quantificáveis, tão próprios da dimensão TER: dinheiro, promoções, estatuto, etc. Quando penso em sucesso refiro-me também à forma como nos sentimos, como somos “Parte” e integramos o “Todo”, como ocupamos o nosso lugar no mundo, como exercemos a nossa cidadania e influência, com integridade.

Nunca, como agora, se assistiu a uma tão grande corrida a livros e cursos de temáticas como o coaching, a motivação, a liderança, a comunicação, a gestão de stress, de tempo, de conflitos, etc. Ainda bem que assim é. Se tudo correu bem e o que experimentaram teve qualidade, deram um passo em frente no SABER FAZER.

Promover a empatia e a flexibilidade mental, alargando a capacidade de aceitar os outros nas suas diferenças, parece-me um extraordinário projeto de vida. Inclusão, ou seja, SABER ESTAR. Confesso que é também nestas águas que eu própria tenho navegado, incansavelmente.

A questão que quero colocar em cima da mesa é: como podemos realmente entrar em ligação com os outros, em PNL diz-se estar em “rapport”, quando não estamos em equilíbrio connosco próprio/a(s)?
Como podemos Ser, quando afinal não nos conhecemos sequer? Quando o nosso diálogo interno nos limita? Quando o nosso sistema de vida é tudo menos ecológico, congruente, íntegro? Quando os nossos Valores mais sagrados estão desarmonia com o que o nosso quotidiano nos traz? Quando não fazemos ideia de qual será a nossa Missão?

Isto faz-me lembrar a velha história do dilema criado durante a despressurização de uma cabine de avião. Imagine que está em viagem e que acompanha uma criança. Se de repente houver uma grande turbulência e caírem as máscaras de oxigénio, aquilo que tem a fazer, como adulto responsável pela sobrevivência de alguém indefeso, é assegurar em primeiro lugar a manutenção do seu próprio estado. Fazê-lo, primeiro consigo, e só depois com aquele que de si depende, é um ato de amor e comprometimento pessoal, o oposto do egoísmo. É que só assim garante estar em condições de poder continuar a ajudar essa criança.

Porque acredito profundamente na importância do que acabo de referir, deixo no ar esta provocação positiva. Agora que acredita que já sabe como estar em rapport com os outros, responda mentalmente: até que ponto está em rapport consigo próprio/a? Até que ponto escuta o que a sua própria voz lhe pede?  De zero a cem, que nota daria ao nível de comunicação que tem consigo próprio/a? Até que ponto se respeita? Aceita os seus ritmos? As suas fragilidades? Se permite ser o que é, para poder crescer para o que quer e pode vir a ser?

A PNL oferece-lhe respostas, metodologias e ferramentas para resolver dentro de si, no seu cerne, muitas destas questões. Sem deixar de parte todas as outras dimensões, a PNL debruça-se atentamente sobre o saber SER e é isto que a torna tão transformadora e tão catalisadora da mudança que queremos ver no mundo. Dance o tango com os outros, sim, mas saiba dar os seus próprios passos antes de partir para coreografias conjuntas mais elaboradas!

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O dragão das 7 cabeças

Num reino africano muito distante, vivia um jovem aprendiz de feiticeiro, ansioso por deter todos os conhecimentos do mundo sobre magia. Havia nele uma sede incessante de fazer o bem e de espalhar harmonia à sua volta, mas muito medo de não estar à altura deste homérico propósito.

Durante os primeiros anos de aprendizagem o jovem esforçou-se por superar o seu mestre, aprendendo dele tudo o que foi capaz. Teve tanto êxito nesta busca pelo conhecimento, que chegou o dia em que o seu mentor lhe disse: “Foste um fiel aprendiz, e nada mais te posso ensinar. Agora, vai-te embora. Parte em busca de alguém que saiba mais do que eu. Nada te posso dar, que tu não saibas já. Mas tem cuidado…Atenta bem no que vais fazer porque tudo o que tu fizeres só tem sentido se atrair bem-estar para os outros e tiver o condão de os afastar da dor”.

O aprendiz abandonou a sua aldeia, triste e amedrontado, deixando para trás tudo e todos aqueles que lhe eram queridos. Ia à procura do feiticeiro mais poderoso do mundo, e pedia nas suas preces aos Deuses que estes estivessem dispostos a ensiná-lo sobre os mistérios do oculto que ele ainda não dominava.

Andou durante dias e dias. Sentiu-se exausto, enfrentou perigos inúmeras vezes, caiu, levantou-se. Pensou desistir, recomeçou. Foram muitas as ocasiões em que se sentiu no limite das suas forças, tamanho era o medo dos riscos que tinha para enfrentar. O pior para era saber que atrás de si caminhava como uma sombra, algo tão terrífico que ele não se atrevia sequer a respirar fundo. Pelo canto do olho, o jovem aprendiz tinha conseguido perceber as formas gigantescas do que lhe parecia ser um maléfico dragão de 7 cabeças.

Depois de muito deambular, atravessando montes e planícies, florestas e desertos, o jovem chegou finalmente à entrada de uma aldeia onde lhe tinham assegurado que vivia o feiticeiro mais poderoso e sábio de todos os reinos.

Para lá entrar, tinha apenas que transpor uns portões altos e majestosos que defendiam toda a aldeia do ataque dos inimigos.

O aprendiz preparava-se para bater no portão e pedir guarida na fortificação quando se apercebeu da sombra do temível monstro. Lembrou-se de imediato da recomendação do seu antigo mestre: “aconteça o que acontecer, o teu conhecimento só terá valor se atrair bem-estar e não trouxer a dor para perto das outras pessoas”.

Perante isto o jovem só via uma solução: entrar na aldeia apenas quando o dragão estivesse adormecido.

Aterrado, mas determinado, recomeçou a andar, desta vez à volta das muralhas da aldeia. Caminhou, caminhou, caminhou. Caminhou sempre. Dias, semanas, meses. Quando parava para descansar, conseguia sentir o bafo fétido do monstro que o perseguia. A única altura em que ele se sentia a salvo de um possível ataque, era durante o seu próprio sono.

Sete anos inteiros passaram sem que nada de novo acontecesse. O aprendiz caminhava, muitas vezes no fio das suas forças… atrás de si estava sempre o malvado dragão para o assombrar. Das amuradas da aldeia via as pessoas admiradas com as suas incessantes deambulações. Depressa começaram a ser criadas histórias sobre ele, histórias que chegaram aos ouvidos aparentemente indiferentes do grande feiticeiro.

Um dia, sem saber mais o que fazer, exausto desta aventura sem fim, o antigo aprendiz parou, rendeu-se ao objecto do seu medo e a custo, tremendo que nem varas verdes, voltou-se para trás, muito devagar e com um infinito respeito perguntou à fera, olhando-a bem dentro dos seus olhos vermelhos:

Ó temível Dragão, meu companheiro de sempre nos últimos 7 anos, afinal, o que me queres tu? Porque me persegues? O que precisas de me dizer?»

O dragão olhou directamente para os olhos do rapaz, os seus coruscantes raios vermelhos foram-se tornando cada vez menos intensos e o rapaz sustentou o seu olhar, pronto para qualquer resposta. E foi nesse momento, nesse preciso momento, que o monstro se desvaneceu como fumo levado pelo vento, uma cabeça de cada vez, deixando no seu lugar apenas as cores bonitas e luminosas de um dia de primavera.

O aprendiz soube então que poderia finalmente entrar na aldeia onde o esperava já o maior feiticeiro do mundo, satisfeito por ter encontrado alguém capaz de lhe seguir os passos e lhe suceder no trono do conhecimento e da coragem.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

A PNL de 3ª geração e a criação de Campo

Muito se tem falado nos últimos tempos da PNL de 3ª geração. É frequente que nos meus cursos, os meus “praticantes” me abordem e questionem sobre o que é isto de PNL de 3ª Geração.

Aqui fica uma explicação, que eu espero que seja simples, daquilo que, acredito, traduz um passo quântico no desenvolvimento de uma prática de vida verdadeiramente transformadora.

Vejamos porque é que a PNL é tão importante não só para as pessoas que se envolvem activamente no seu desenvolvimento pessoal, mas também para as organizações, equipas de trabalho, líderes, políticos, opinion makers, pais e educadores, formadores, terapeutas, coachs, etc. 

Com a 3ª geração da PNL vamos mais fundo, a partir do nosso cerne e em direcção ao cerne de uma sociedade mais equilibrada e saudável.

Comecemos pelo princípio.

A infância … PNL de 1ª Geração

A 1ª Geração da PNL representa os seus primeiros passos, nos anos 70, quando 3 figuras aparentemente muito distintas se juntaram para criar algo absolutamente novo e revigorante. Estávamos então na ápoca do Flower Power e a sociedade queria novas respostas para as suas inquietações.

Falamos de Richard Bandler, John Grinder e de Frank Pucelik, uma figura que quero ajudar a ressuscitar para a história, já que esteve décadas à sombra, por dissidências que não importa agora esmiuçar. Felizmente, reassumiu recentemente o seu devido lugar na co-fundação da PNL e podemos também a ele agradecer, ainda que silenciosamente.

Na sua infância, a PNL tinha como objectivo a modelagem de comportamentos e capacidades de excelência, estando por isso inteiramente voltada para uma esfera individual de actuação. Aos comandos, estava a mente cognitiva. Para isso, foi beber influências a nomes grandes como o Dr. Milton Erikson, “pai” da Hipnoterapia moderna; Virgínia Satir, “mãe” da Terapia Sistémica e uma conceituadíssima especialista em Terapia Familiar; Fritz Perls, um nome incontornável da Gestalt e Gregory Bateson, pensador sistémico e epistemólogo da comunicação, entre outros.

A adolescência…. PNL de 2ª Geração

A entrada na 2ª geração da PNL dá-se em meados dos anos 1980. Nesta fase, a PNL expande o seu campo de actuação e debruça-se sobre questões que extravasam a intervenção terapêutica. Sai da esfera mental e entra profundamente na esfera somática.

Para além da mente, o que é que o corpo também nos diz?

Graças às descobertas feitas com os trabalhos em torno da modelagem, foram criadas as condições para desbravar outros campos e é aqui que se começam a estudar as aplicações práticas da PNL nas mais variadas áreas da vida das sociedades: ensino, saúde, desporto, vendas, atendimento e relação com o cliente, negociação, motivação, liderança, alinhamento de equipas.

Ainda persiste um foco muito claro nos indivíduos, mas agora já contam muito mais as dinâmicas que estes estabelecem uns com os outros, dentro de um mesmo sistema.

Entram em cena outros nomes grandes da história da PNL: Robert Dilts, Judith DeLozier, David Gordon, Steve Andreas, Connirae Andreas e muitos outros. Criam-se novas técnicas, mais refinadas, mais diferenciadoras e diferenciadas.

Tad James traz-nos a sua extraordinária Linha do Tempo; Gregory Bateson revoluciona tudo com a introdução das Posições Perceptivas; Richard Bandler, que também era músico, começa por descobrir as submodalidades auditivas, mas depressa evolui para as cinestésicas. Por todo o lado surgem novos conceitos, experiências, descobertas. A PNL explode e somam-se adeptos, rendidos aos seus benefícios.

A maturidade da idade adulta …. 3ª Geração da PNL

A partir dos anos 90 começa a falar-se na 3ª Geração da PNL. Com o desenvolvimento desta disciplina, e a vinda de inúmeros outras figuras e fontes de influência, a PNL alastra pelo mundo, cria raízes cada vez mais fortes e entra em campos de actuação gradualmente mais sistémicos.

Na sua idade adulta, a PNL já não opera simplesmente ao nível dos comportamentos e das capacidades, próprios da 1ª; já não se fica pelas crenças, valores e meta-programas mentais, tão caras à 2ª. Vai mais longe e mais fundo. O seu foco agora é o da identidade, missão, propósito maior.

“Quem somos? Qual é o nosso papel no Mundo? O que nos Transcende? Que obra queremos deixar feita?”

Robert Dilts, um dos vultos mais importantes pelo seu generoso contributo a esta arte e ciência, ao abordar o Campo Unificado, criou condições para uma análise mais profunda dos Níveis Neurológicos e para o aprimoramento de um contexto favorável ao desenvolvimento do Todos e não apenas do “Mim”, do “Ti” ou do “Eles”.
 
Já não é só a mente cognitiva da 1ª geração, ou a mente somática da 2ª que estão em causa. A vida, o equilíbrio, a autorregulação e auto-organização do sistema, o campo energético que criamos e no qual estamos inseridos passam a ser a razão de ser dos novos seguidores. O conceito de Quarta Posição Perceptiva, o “Nós” do Campo, vem para se afirmar e ficar. O que se pretende nesta nova etapa de vida da PNL é uma qualidade maior na presença e conexão, no relacionamento e na criação de sinergias de todos os elementos dos vários sistemas que nos rodeiam.

Robert Dilts, o grande impulsionador desta mudança de paradigma, defende que a sabedoria necessária para a mudança já existe dentro dos Sistemas. O que temos é que a catalisar através da criação de um contexto adequado. Eu estou nesta onda e acredito que o futuro da Humanidade passa por aqui. A PNL cria pessoas mais felizes. Mais congruentes. Mais presentes e conectadas ao Todo e mais ecológicas também na sua ligação a si próprias.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Pequeno-almoço no Tiffany’s

Imagine que está a usufruir de umas merecidas férias e que se encontra principescamente alojado/a num hotel de 7 estrelas.

Melhor ainda, imagine que se encontra no célebre Tiffany’s e que a seu lado terá a carismática Audrey Hepburn.

De manhã, quando se dirige para o bem fornecido pequeno-almoço, depara-se com uma série incontável de pratos, dispostos de forma bem apetitosa. Algumas das iguarias até já farão parte dos seus hábitos alimentares; outras haverá que já conhece por ter provado ocasionalmente. Mais à frente estão algumas que nunca saboreou, mas tem uma vontade imediata de experimentar. E que bem lhe sabem! Também não faltarão travessas cheias de ingredientes que não o tentarão nem um pouco e, no entanto, os seus vizinhos, nas mesas do lado, esvaziam num ápice.

É também assim a Programação Neuro Linguística. Um buffet de luxo, nutritivo para o corpo e para a mente, com pratos para todos os gostos e compatíveis com as nossas diferentes formas de estar. Mais do que uma mera ferramenta de desenvolvimento pessoal, trata-se de uma atitude geral, de um paradigma mental novo, onde a melhoria contínua é o mote. Haverá técnicas com as quais se identificará de imediato e com as quais nunca mais deixará de se banquetear. Outras que gostará de saborear em ocasiões especiais; e aquelas que, mesmo sendo excelentes para algumas pessoas, terão em si o efeito que o arenque fumado tem para mim. A essas dirá, simplesmente: não, obrigada!

Para além da quantidade, terá também a qualidade e a variedade, o que lhe permitirá escolher sempre o que mais lhe convém.

No final desta refeição terá aprendido imenso sobre si, sobre a sua natureza, sobre a sua identidade, sobre os seus valores e sobre o seu propósito. Terá apreendido também imenso sobre os outros e sobre o que pode fazer para se relacionar com esses outros de forma mais harmoniosa e significativa.

Arqueologia interna, jardinagem mental, primeiros socorros num mundo em rápida mudança, vitaminas para a mente, ecologia pessoal. Estas podem também ser outras metáforas que explicam o que é a PNL e para que nos serve.

Se faz parte do grupo de pessoas a quem já ocorreu… «que bom seria se tivéssemos nascido com Manual de Instruções!», este blogue pode ser-lhe útil.

Mantenha-se por perto. Até já.