Quando estudamos as origens da Programação
Neuro Linguística, o nome de Virgínia Satir (1916 - 1988) surge de imediato como
uma referência incontornável. Aprendemos que foi uma respeitada e talentosa
terapeuta familiar e que foi do seu trabalho que a PNL modelou o Meta Modelo da
Comunicação, um tema tão importante e tão grato aos seus praticantes.
Sabemos que são dela muitas das
técnicas de colocação de perguntas que pretendem minimizar as omissões, as
distorções e as generalizações que todos fazemos quando avaliamos o mundo.
Aprendemos ainda que ombreou, graças aos seus excelentes resultados junto de
famílias disfuncionais, com nomes igualmente sonantes na terapia como os de
Milton Erikson e Fritz Pearls. Identificamos a sua assinatura em alguns dos
pressupostos adoptados pela PNL, vemos a forma como trabalhou o modelo do
Iceberg de Freud e o que nele acrescentou. Vemos ainda a aplicação prática dos
seus ensinamentos no “Trabalho de Partes”.
Na verdade, o longo trabalho desta
notável psicoterapeuta norte-americana está na origem não só da PNL, mas também
do trabalho sistémico, hoje em dia extremamente popular em todo o mundo pelos
seus inegáveis resultados. Quem está familiarizado com aquilo que se faz
actualmente nas Constelações Familiares e Organizacionais encontra de imediato
os frutos das árvores cujas sementes ela deixou tão fortemente implantadas no
solo do desenvolvimento humano. Autora de Modelos que explicam a mudança e o
processo que lhe está subjacente, deu um enfoque muito especial ao
desenvolvimento da auto-estima e da noção de valor pessoal.
Baseando a sua abordagem em princípios
altamente humanistas, Virginia Satir acreditava que a mudança é possível, que
somos manifestações vivas e dignas de amor de uma força vital, que se crescemos
com as diferenças, também nos conectamos com as semelhanças.
Vinda de uma família com algumas
disfunções, foi obrigada desde muito cedo a criar os seus próprios mecanismos de
sobrevivência, mostrando com o seu exemplo de vida aquilo que procurava
catalisar nos outros. Na base do seu trabalho está uma premissa extremamente
significativa: “o problema não é o
problema, mas a forma como lidamos com ele”. Seguindo esta linha de pensamento,
ofereceu ao mundo aquilo que ficou conhecido como o Modelo de Validação Humana,
cujo propósito é “criar paz dentro das
pessoas, entre as pessoas e à volta das pessoas”.
Tal como a formiga no carreiro,
trabalhou incansavelmente para, através da cura das famílias que a procuravam,
promover o bem-estar e o equilíbrio no mundo. Pensar global, agindo localmente.
Ensinou a congruência, a liberdade e a responsabilidade pessoal.
Quase 30 anos volvidos sobre a sua
morte, o seu trabalho é hoje, mais do que uma filosofia apenas actual, uma
prática de vida urgente e necessária.
Felizmente,
deixou muitos seguidores. Deixo-lhe a minha respeitosa e grata vénia de
reconhecimento.